Dia da Consciência Negra: muito além de uma data, é um símbolo de resistência

Por Carolina Marçal
Institucional
20 de novembro de 2021

Oficializada como lei federal apenas em 2011, as lutas e celebrações referentes a Consciência Negra ultrapassam gerações. A começar pelas histórias e confrontos de Zumbi dos Palmares, líder icônico da população negra que brigou pelo fim da escravidão na época do Brasil colonial. Foi ele quem deu o primeiro passo do que se tornou décadas de busca por igualdade, respeito e tolerância.

E a data, 20 de novembro, não escolhida por acaso. Oliveira Silveira, intelectual e ativista do Rio Grande do Sul, trabalhou nas pesquisas sobre a história do negro no Brasil e identificou que esta é a data da morte de Zumbi dos Palmares. Em 1971, foi proposto que nessa data se tornasse o dia comemorativo da causa, do valor da comunidade negra e sua fundamental contribuição ao país.

Mesmo que regularizada apenas há 10 anos, a data e a causa, principalmente, se fazem presentes a muito tempo e de forma crescente. Foi no década de 70, quando um grupo gaúcho de quilombolas questionou o legado da escravidão no Brasil, que o assunto se tornou pauta de discussão em todos os lugares: mesas de bar, meios de comunicação, empresas, escolas, etc.

Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Racismo no Brasil

De acordo com a reportagem da Revista Veja, publicada em julho de 2020, a palavra ‘racismo’ é, por vezes, considerada filha do século 20, mesmo que aquilo que ela nomeia já perdure por tanto tempo.

Para definir o termo, o dicionário de Oxford afirma que racismo é “a crença de que todos os membros de cada raça possuem características, habilidades ou qualidades específicas daquela raça, especialmente de forma a distingui-la como inferior ou superior a outra raça ou raças”.

Já os dicionários brasileiros, definem a palavra como “preconceito e discriminação direcionados a alguém tendo em conta sua origem étnico-racial, geralmente se refere à ideologia de que existe uma raça melhor que outra”. Completas ou não, as definições mostram o retrato da realidade, não apenas brasileira, mas mundial!

Com cerca de 110 milhões de pessoas negras, o Brasil é o país com a maior população negra fora da África. Os dados são de 2020, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ainda segundo a instituição, cerca de 56% da população brasileira declara-se como preta ou parda. Mas, quando se olha para os números do mercado de trabalho, 68,6% dos cargos gerenciais eram ocupados por brancos, e somente 29,9%, por pretos ou pardos.

Além disso, na representação legislativa, dentre os deputados federais, 75,6% eram brancos, contra 24,4% de pretos ou pardos. A taxa de analfabetismo entre pessoas brancas era de 3,9%; entre pretos e pardos, era 9,1%. Nas taxas de homicídios por 100 mil habitantes na faixa etária de 15 a 29 anos, a população branca tinha a média de 34,0, e a população preta ou parda apresentava 98,5, ou seja, a chance de um jovem negro morrer de homicídio é quase três vezes maior que a de um jovem branco. Todos esse números são apresentados pelo site Mundo Educação.

Foto: Reprodução/Brasil Escola
Black lives matter (Vida pretas importam)

O movimento foi criado em 2013, por três ativistas norte-americanas: Alicia Garza, Patrisse Cullors e Opal Tometi. Naquele ano, após George Zimmerman, que tinha sido acusado de matar o adolescente negro Trayvon Martin, ser considerado inocente pela Justiça, Alicia se pronunciou nas redes sociais com um texto de indignação pela sentença final. Ao fim, ela incluiu a frase black lives matter.

Patrisse, amiga de Alicia, transformou a expressão em #backlivesmatter e, depois da popularização da hashtag, as duas, junto com Opal, criaram uma rede com o nome do movimento, que se espalhou por todo o mundo, incluindo o Brasil.

Após a morte de George Floyd por um policial branco, que indignou a população global em 2020, a ação Black Lives Matter ganhou ainda mais força e visibilidade. Atualmente, o movimento se transformou em uma fundação mundial e que tem como objetivo “erradicar a supremacia branca e construir poder local para intervir na violência infligida às comunidades negras” pelo Estado e também pela polícia.

Foto: Reprodução/Pixabay

Em 2018, o canal de televisão GNT, da Rede Globo, produziu um vídeo com relatos de quem trabalhava na emissora sobre como era ser negro e o que é a negritude.

“Não precisa ir longe para descobrir, nós perguntamos aos nossos colegas do GNT e as respostas foram bem esclarecedoras! Os problemas podem começar na família, sabiam? E o cabelo pode ser muito revelador durante algumas histórias. Hoje, marcamos o Dia da Consciência, mas temos que levar essa consciência junto com a gente para todos os dias e adotar atitudes antirracistas. Aproveitem para conhecer algumas das pessoas que fazem tudo isso acontecer: Paloma Gomes, da Programação, Aída Barros, do Conteúdo Digital, Erica Lontra, do Financeiro, Cecília Boechat, do Conteúdo e Yuri da Cunha da Produção. Esses são apenas algumas pessoas”.

A descrição do vídeo já diz muito sobre o conteúdo. Confira os relatos abaixo:

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