Fenaban propõe 6,5% de reajuste com perdas nos salários

Por APCEF/MG
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30 de agosto de 2016
Comando Nacional cobra respostas não abordadas

Mais uma vez a Federação Nacional dos Bancos se nega a oferecer uma proposta decente, que valorize os bancários. Após quatro rodadas de negociação com o Comando Nacional dos Bancários, a Fenaban propôs reajuste de 6,5% no salário, na PLR e nos auxílios refeição, alimentação, creche, e abono de R$ 3 mil. A proposta não cobre, sequer, a inflação do período, projetada em 9,57% para agosto deste ano e representa perdas de 2,8% para o bolso de cada bancário. Pressionada pelo Comando Nacional dos Bancários, a Fenaban ficou de apresentar nesta terça-feira (30), às 14h, em São Paulo, a resposta global das reivindicações, mas, segundo os banqueiros, “sem alterar o modelo de reajuste econômico apresentado”.

“Está claro que somente com muita mobilização será possível mudar a disposição dos banqueiros. Essa proposta que nem repõe a inflação e que aponta para mais arrocho é realmente inaceitável e devemos intensificar nossa luta se quisermos conquistar e manter direitos”, afirmou Jair Ferreira, presidente da Fenae.

O Comando Nacional dos Bancários aprovou um calendário de lutas e orienta as Federações e Sindicatos a convocar assembleias de avaliação da proposta para o dia 1º de setembro, e caso a proposta seja rejeitada, marcar indicativo de greve a partir do dia 6, com assembleia organizativa no dia 5 de setembro.

Para Roberto Von Der Osten, presidente da Contraf-CUT e um dos coordenadores do Comando Nacional dos Bancários, além de não garantir aumento real de salário, a proposta da Fenaban não contempla emprego, saúde, segurança, igualdade de oportunidades e todas as demais reivindicações da categoria.

“A proposta de reajuste é muito ruim e reduz salários. Repetimos para a Fenaban que abono significa um retrocesso. Queremos a reposição da inflação e ganho real, um modelo consagrado há mais de doze anos de negociações. Por estas razões, o Comando Nacional já disse à Fenaban que vai orientar a rejeição da proposta apresentada. Chegou a hora de cada bancário e bancária mostrar a sua disposição para a luta. Afinal, Só a Luta te Garante”, afirma Roberto von der Osten.

“Apresentamos toda nossa pauta, passamos a terceira rodada, no dia 24, ouvindo e debatendo os argumentos dos bancos. Hoje deveriam ter trazido para a mesa proposta global, mas só trouxeram a econômica e ainda muito baixa. Cobramos e os bancos voltam para mesa de negociação nesta terça-feira para responder pontos omitidos nessa proposta”, ressalta Juvandia Moreira, vice-presidenta da Contraf-CUT e uma das coordenadoras do Comando.

Os eixos centrais da campanha são: reposição da inflação do período mais 5% de aumento real, valorização do piso salarial, no valor do salário mínimo calculado pelo Dieese (R$3.940,24 em junho), PLR de três salários mais R$ 8.317,90, combate às metas abusivas, ao assédio moral e sexual, fim da terceirização, mais segurança, melhores condições de trabalho. A defesa do emprego também é prioridade na Campanha Nacional, assim como a proteção das empresas públicas e dos direitos da classe trabalhadora.

O lucro dos cinco maiores bancos (Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, Santander e Caixa) no primeiro semestre de 2016 chegou a R$ 29,7 bilhões, mas houve corte de 7.897 postos de trabalho nos primeiros sete meses do ano. Entre 2012 e 2015, mais de 34 mil empregos foram reduzidos pelos banqueiros.

Proposta dos bancos

Reajuste de 6,5% (representa perda de 2,8% para os bancários em relação à inflação de 9,57%).

Abono de R$ 3.000,00 (parcela única, não incorporado aos salários)

Piso portaria após 90 dias – R$ 1.467,17.

Piso escritório após 90 dias – R$ 2.104,55

Piso caixa/tesouraria após 90 dias – R$ 2.842,96 (salário mais gratificação, mais outras verbas de caixa).

PLR regra básica – 90% do salário mais R$ 2.153,21, limitado a R$ 11.550,90. Se o total ficar abaixo de 5% do lucro líquido, salta para 2,2 salários, com teto de R$ 25. 411,97

PLR parcela adicional – 2,2% do lucro líquido dividido linearmente para todos, limitado a R$ 4.306,41.

Antecipação da PLR – Primeira parcela depositada até dez dias após assinatura da Convenção Coletiva. Pagamento final até 02/03/2017. Regra básica – 54% do salário mais fixo de R$ 1.291,92, limitado a R$ 6.930,54 e ao teto de 12,8% do lucro líquido – o que ocorrer primeiro. Parcela adicional equivalente a 2,2% do lucro líquido do primeiro semestre de 2016, limitado a R$ 2.153,21.

Auxílio-refeição – R$ 31,57.

Auxílio-cesta alimentação e 13ª cesta – R$ 523,48.

Auxílio-creche/babá (filhos até 71 meses) – R$ 420,36.

Auxílio-creche/babá (filhos até 83 meses) – R$ 359,61.

Vale-Cultura R$ 50 (mantido até 31/12/2016, quando expira o benefício)

Gratificação de compensador de cheques – R$ 163,35.

Requalificação profissional – R$ 1.437,43.

Auxílio-funeral – R$ 964,50.

Indenização por morte ou incapacidade decorrente de assalto – R$ 143.825,29

Ajuda deslocamento noturno – R$ 100,67.

 

Principais reivindicações dos bancários

Reajuste salarial: reposição da inflação (9,57%) mais 5% de aumento real

PLR: 3 salários mais R$8.317,90

Piso: R$3.940,24 (equivalente ao salário mínimo do Dieese em valores de junho último).

Vale alimentação no valor de R$880,00 ao mês (valor do salário mínimo)

Vale refeição no valor de R$880,00 ao mês

13ª cesta e auxílio-creche/babá no valor de R$880,00 ao mês.

Melhores condições de trabalho com o fim das metas abusivas e do assédio moral que adoecem os bancários.

Emprego: fim das demissões, mais contratações, fim da rotatividade e combate às terceirizações diante dos riscos de aprovação do PLC 30/15 no Senado Federal, além da ratificação da Convenção 158 da OIT, que coíbe dispensas imotivadas.

Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS): para todos os bancários.

Auxílio-educação: pagamento para graduação e pós.

Prevenção contra assaltos e sequestros: permanência de dois vigilantes por andar nas agências e pontos de serviços bancários, conforme legislação. Instalação de portas giratórias com detector de metais na entrada das áreas de autoatendimento e biombos nos caixas. Abertura e fechamento remoto das agências, fim da guarda das chaves por funcionários.

Igualdade de oportunidades: fim às discriminações nos salários e na ascensão profissional de mulheres, negros, gays, lésbicas, transsexuais e pessoas com deficiência (PCDs).

Fonte: Fenae

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