Conheça um pouco mais sobre a história das festas juninas no Brasil e em BH

Por Carolina Marçal
Sociocultural
6 de julho de 2022

Arraiá 2022 passou deixando uma saudade enorme na centena de associados e convidados que estiveram presentes na Sede Social BH. Muita música, comida, bebida e dança agitaram a noite por aqui, contando com a presença de Bruno&Marrone e Yasmin Santos, que trouxeram o melhor de seus repertórios.

Confira aqui as fotos e o vídeo mostrando como foi o nosso evento.

E junto com eles, o grupo junino Pé Rachado apresentou, mais uma vez, uma coreografia linda e animada para quem estava presente.

E que tal saber um pouco mais sobre como essa tradicionalíssima comemoração chegou ao solo brasileiro.

FESTA JUNINA À MODA BRASILEIRA

As tradições juninas chegaram ao Brasil junto com os jesuítas, aproximadamente no século XVI. Isso porque, naquela época os missionários que chegavam para colonizar os indígenas celebravam três santos populares entre os fiéis católicos: Santo Antônio – “Santo Casamenteiro” (13/06), São João (24/06) e São Pedro (29/06). A festa se tornou uma herança dos colonizadores portugueses.

Outras deixas que são considerados pontos altos nas festas juninas são os bordões que trazem um sotaque francês, como ‘anarriê’, ‘changê’ e ‘otrefoá’ e a dança, vinda da corte. Com o tempo, mudanças aconteceram, novos elementos foram incrementados, especialmente tradições africanas e indígenas, originando uma festa singular e que até varia de região para região.

Pelo Brasil, cidades do Nordeste se destacam quando o assunto é festa junina. Alguns locais são exemplo disso, como Caruaru (Pernambuco); Maranhão, com a Festa Bumba Meu Boi; Mossoró Cidade Junina (Rio Grande do Norte) e Campina Grande (Paraíba), com o maior São João do mundo, reunindo mais de 2 milhões de foliões em uma das sua edições, que costuma durar mais de uma semana.

ARRAIAL NA CAPITAL MINEIRA

Mas, cidades fora do Nordestes também vem se destacando quando o assunto é festa junina. E uma dela é Belo Horizonte, onde as comemorações de São João começaram oficialmente em 1979, na Praça da Estação, no centro da capital. As festas acabaram sendo o estopim para estimular a formação de novos grupos de quadrilhas, pontos de lazer e turismo.

A partir de 1980, além das comemorações no centro, outros eventos passaram a acontecer para além dos limites de BH. Foi nessa época também que a festa junina passou a ser coordenada pela Belotur-Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte. O foco, desde esse momento, era estimular e preservar a comemoração como manifestação cultural. Durante toda a década de 80, multidões de foliões passaram a acompanhar as danças das quadrilhas na Praça da Estação, sempre enfatizando a identidade de BH com o evento.

Em 1994, o evento foi transformado no que se tornaria o tradicional Arraiá de Belô, nome dado pensando na essência da mineiridade. O evento é um concurso de quadrilhas juninas de Minas Gerais, uma competição divertida, alegre, cheia de cores, sintonia e passos elaborados. Além disso, o Arraial tem grandes shows sertanejos, barraquinhas de comidas típicas e correio elegante.

Dez anos depois, Belo Horizonte foi sede do encontro das lideranças dos quadrilheiros juninos da Região Sudeste do Brasil. Além das quadrilhas do estado mineiro, se apresentaram grupos da Bahia e do Distrito Federal. Já em 2005, o Arraiá de Belô foi palco do 1° Festival Nacional de Quadrilhas Juninas, reuniu 10 estados brasileiros. A ocasião foi suficiente para considerar a capital mineira em um dos maiores cenários de festas juninas brasileiras.

Em 2016, o Arraial se consolidou como a “maior festa junina do Sudeste” e também foi considerado o maior evento junino já realizado em BH, com um público superior a 120 mil pessoas na Praça da Estação. A festa já está inclusa na lista de destinos turísticos para essa época do ano.

Dois anos depois, aconteceu a 40ª edição do Arraial. O evento trouxe um foco importante na gastronomia mineira e pratos típicos. Houve Concurso de Prato Junino, Vila Gastronômica na Praça e Circuito Gastronômico em diversos restaurantes da capital. Também tiveram mais de 50 grupos de quadrilha se apresentando no Concurso Municipal – Grupo de Acesso e Especial.

Em mais uma edição, o ano de 2019 seria o último antes da pandemia da Covid-19. E foi um evento completo: música, dança e gastronomia, no famoso estilo Arraiá de Belô. Foram 40 apresentações de grupos juninos e, no palco, se apresentaram Naiara Azevedo, Luan Santana, Falamansa e demais ídolos do sertanejo e do forró. Ao todo, cerca de 100 mil pessoas participaram dessa festa maravilhosa.

Devido as restrições causadas pelo coronavírus, em 2020 e 2021 não aconteceram de forma presencial. Apesar disso, no ano passado, o Arraial retornou no formato virtual, promovendo uma série de ações que valorizam os principais elementos da festa.

PRINCIPAIS ELEMENTOS DA FESTA JUNINA

🚩 Bandeirinhas coloridas: são substitutas das flâmulas com imagens dos três santos católicos homenageados nessa época do ano. São fundamentais para deixar a festa alegre e mais divertida;

💃🏻 Dança: surgiu como forma de agradecimento pela colheita;

👗 Roupas típicas com remendo: são referências aos habitantes de tempos remotos da zona rural;

🔥 Fogueira: é uma tradição de origem pagã, que marcava o solstício de verão no Hemisfério Norte.

🌽 Gastronomia (mineira): “Têm as comidas típicas que combinam com o clima e encantam. A cachaça, a rapadura e o milho têm também a importância do encontro para as comunidades. Sem falar que a memória da gente fica marcada com o cheiro e com o paladar”, relatou Yuri Mesquita, diretor do Arquivo Público Municipal, em entrevista ao Estado de Minas.

GRUPO PÉ RACHADO

Um dos grupos de quadrilha mais tradicionais que existem em Belo Horizonte. São 45 anos de muita história, dança e amor pelas festas juninas. Flora Ferreira de Castilho e Luiz Carlos Veiga de Castilho são casados, fundadores e presidentes do Grupo Folclórico Pé Rachado.

“A quadrilha é minha vida. É o que me move, o que me alegra, o que me alimenta”, declarou Flora.

Ela é do interior de Minas Gerais, cresceu vendo o pai tocar sanfona em festas no Vale do Jequitinhonha, Norte do estado. Sempre teve um encanto pelas cores, músicas, ritmos e danças da festividade. Já ele, é baiano e sempre preferiu o carnaval à festa junina. Até se casar com Flora. Depois disso, passou a auxiliar e apoiar a esposa no seu amor pela tradição de sua vida.

Durante os três anos que moraram no bairro Boa Vista, em Belo Horizonte, de 1969 a 1971, o Arraial da Comunidade era um baita sucesso, com direito a puxador e tudo que uma quadrilha tem direito. Foi criada seis meses após a mudança.

Após irem para o bairro Santa Mônica, em meados da década de 70, Flora e Luiz passaram por tempos difíceis. Foi então que a mineira decidiu criar a Associação de Moradores do Bairro Santa Mônica. “Como não tínhamos recursos para registrar a associação, a solução foi fazer uma festa junina. Mas, não existe festa junina sem quadrilha. Então, criamos mais uma quadrilha”, contou Flora. O primeiro nome que o grupo de dança recebeu foi Arraial da Biquinha.

Foto: Reprodução/Instagram

No início dos anos 80, Luiz tentou inscrever a quadrilha no Arraiá de Belô. Porém, já existia um grupo inscrito com esse mesmo nome. “Foi assim que, há exatamente 40 anos [hoje, 45 anos], nascia o Grupo Folclórico Pé Rachado. Invenção do senhor Luiz, que dizia que, àquela época, moças da roça tinham o ‘pé rachado’ e mereciam a homenagem”, contou a (o) jornalista do site oficial da Prefeitura de Belo Horizonte em matéria publicada em 2017.

Em 2007, Flora decidiu comprar sua 1ª máquina de costura, aprendeu como se faz e passou a produzir os vestidos e demais figurinos do grupo junino, já que não estava satisfeita com os que encomendava. Com a ajuda de um dos seis netos, Victor Júnior da Silva Castilho, coreógrafo e estilista, eles desenham e produzem as vestimentas de todos os dançarinos do Pé Rachado. Além dos próprios figurinos, eles também costuram para outras quadrilhas.

Além de Victor, toda a família de Flora e Luiz estão envolvidos com a festa de São João.

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