A Funcef apresentou nesta semana os números do primeiro trimestre de 2018. Com deficit aumentando e com o desempenho dos investimentos em renda fixa abaixo da meta atuarial, a Fundação voltou atrás e reconheceu que precisará recorrer a modalidades de maior risco, como renda variável, para reverter o deficit dos planos. Com isso, os gestores da fundação admitiram que a opção feita ao longo dos últimos anos de concentrar recursos nos títulos públicos não está funcionando.
Com rentabilidade bem abaixo da meta e alta de R$ 300 milhões no deficit somente no último mês, o desequilíbrio acumulado nos planos já chega a R$ 6.7 bilhões. Por conta disso, segundo os porta-vozes do fundo de pensão, será necessário revisitar e diversificar a política de investimentos.
Ao responder o questionamento de uma participante, um dos gestores da Funcef afirmou que a fundação enfrenta “um cenário bastante desafiador em todas as classes de investimentos de renda fixa”. O gestor apresentou projeções com rentabilidade ainda mais comprometida com a previsão de revisão da taxa básica de juros (Selic) para baixo.
Foi a primeira vez em que fundação assumiu em público que a alternativa para voltar a ter resultados positivos e reverter o deficit é partir para investimentos de renda variável, cujos riscos são naturalmente maiores, mas a rentabilidade também é.
“Há tempos, temos alertado para esse problema. O que está acontecendo agora com a Funcef é resultado de uma opção feita ao longo dos últimos anos. Com a desculpa de uma pretensa segurança, a Funcef comprometeu o benefício dos participantes, que pagam, pagam e só vêm o deficit crescer”, afirma a diretora de Saúde e Previdência da Fenae, Fabiana Matheus.
A perspectiva de redução do pagamento do equacionamento foi condicionada a essa migração para renda variável. Segundo o presidente da Funcef, Renato Villela, a redução dependerá basicamente do desempenho, da performance dos ativos da fundação.
O presidente da Funcef encerrou afirmando que para reduzir o equacionamento será necessário partir para ativos com maior rentabilidade e com um pouco mais de risco. ” Esse é o caminho que nós entendemos que há que ser seguido para a redução dos futuros equacionamentos”, afirmou.
Participação na Vale
Representando 40% de todos os investimentos em renda variável e 10% dos ativos do fundo de pensão, a Vale foi a grande responsável, segundo os gestores da Funcef, pelo resultado negativo do trimestre.
Villela mais uma vez assumiu que o resultado negativo era inevitável, uma vez que “portifólio é muito concentrado, especificamente nesse ativo, e certamente nós sofremos negativamente ou nos beneficiaremos positivamente das variações das ações da Vale”.
Ele afirmou ainda não ter opinião formada sobre diminuir a participação que a Funcef tem na Vale. ” não é uma coisa para se fazer de uma hora pra outra “, disse.
A saída, segundo o presidente da Funcef, é a mesma apontada pela Fenae. A diversificação da carteira e não a venda, com perspectivas positivas para a companhia.
Devido aos provisionamentos relacionados à tragédia de Brumadinho, a Vale não distribuiu dividendos. Esses valores permanecem provisionados. Além disso, o preço do minério de ferro disparou e já está em torno dos US$ 100 a tonelada. Na época da tragédia de Brumadinho, a commoditie estava em US$ 70. Com perspectiva de recuperação da valorização, as ações da Vale tendem a trazer melhores resultados nos próximos meses.
Fonte: https://www.fenae.org.br/