Apesar de os resultados da Funcef serem insuficientes para fazer frente ao deficit acumulado de R$ 12,2 bilhões, a fundação divulgou que os quatro planos de benefícios superaram as metas atuariais até novembro de 2017. Mesmo assim, os planos tiveram suas metas reduzidas para 4,5% em janeiro, com perdas que chegam em média a 10% para os participantes. Na imprensa, a Previ, dos empregados do Banco do Brasil, informou que avalia a possibilidade de utilizar o superávit aferido no primeiro bimestre e a nova avaliação das ações da Vale para reduzir a meta atuarial para 4,75% e garantir que participantes não sofram qualquer impacto.
Nesta sexta-feira (9), matéria da Folha de S. Paulo comenta que nos últimos três anos a Previ teve perdas com a recessão e investimentos envolvidos na operação Lava Jato. No entanto, em entrevista ao jornal, o presidente da Previ, Gueitiro Guenso, afirmou que já está consultando os participantes para saber qual destinação será dada ao superávit esperado para este ano.
“A Previ tem quase o dobro de participantes e um patrimônio que equivale a 2,5 vezes o da Funcef e é capaz de ouvir os trabalhadores para saber o que eles desejam fazer com o superávit. Na Funcef, quando propomos a inserção do participante em decisões como essa, a reação da diretoria é negativa”, questiona a diretora de Saúde e Previdência da Fenae, Fabiana Matheus.
Funcef reduz meta de forma temerária
Os diretores da Funcef estimam serem necessários R$ 6 bilhões para cobrir a redução da meta, equivalente à metade do deficit acumulado nos planos. Mesmo sem os recursos disponíveis, a decisão foi tomada e os participantes já estão pagando a conta.
A diretoria da Previ, por sua vez, avalia que há solução para reduzir a meta de forma mais branda, na proporção de 0,25%, utilizando outros mecanismos para preservar o bolso dos seus participantes. Além do superávit de R$ 1 bilhão obtido até fevereiro deste ano, com o novo acordo de acionistas da Vale, as ações da mineradora passarão a ser avaliadas pelo valor de mercado – atualmente acima de R$ 40. Com isso, a Previ se prepara para fazer frente aos custos da redução da meta sem mexer no bolso dos trabalhadores.
“Fica clara a diferença. A conduta da Previ demonstra compromisso com seus participantes, enquanto a diretoria da Funcef nivela as metas por baixo, com uma redução abrupta e sem sustentação, visando seu próprio conforto”, questiona Fabiana.
Com alta exposição em renda variável, a Previ olha para os títulos públicos como forma de diversificar sua carteira. Já a Funcef, está no caminho inverso. Mantém quase 70% dos investimentos do Novo Plano em renda fixa e tenta se concentrar ainda mais nos títulos públicos. Na avaliação do diretor de seguridade da Previ, Marcel Barros, diminuir a meta atuarial em contexto de déficit significa transferir para os participantes a conta de uma má administração.
Fonte: www.fenae.org.br